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Fibromialgia: entendendo a escala de dor

Conviver com a dor crônica não é fácil. Por isso, é muito importante sempre se manter informado sobre como a doença age e o que você pode fazer para manter o controle da dor e ter uma melhor qualidade de vida.

A fibromialgia é uma síndrome clínica caracterizada por dor musculoesquelética difusa, crônica e sem outra causa que a explique. A fibromialgia pode ser considerada uma síndrome de dor crônica causada por um mecanismo de sensibilização do sistema nervoso central à dor¹, com uma intensidade de dor, com duração mínima de três meses¹. Você sabe como funciona a escala de dor para pacientes com fibromialgia?

 

O que é escala de dor?

Os sintomas e sinais envolvendo a fibromialgia são muito subjetivos uma vez que faltam sintomas relacionados a reações do corpo, tornando o diagnóstico um grande desafio. ¹ 

A escala de dor é um trabalho em conjunto entre o médico e o paciente. Com a evolução dos processos de acompanhamento, foi possível criar uma avaliação de qualidade de vida para acompanhar o paciente. ¹ Assim, o paciente pode criar um diário registrando a frequência e a intensidade dos sintomas para que seu médico possa analisar.

É avaliado a dor difusa, que afeta a coluna cervical, a parte anterior do tórax, a espinha torácica, os dois lados do corpo e suas porções superior e inferior, ou dor generalizada. Além disso, outros sintomas, como a fadiga, distúrbios de sono, ansiedade e depressão, também são analisados2.

 

Como usar as escalas de dores no dia a dia?

As escalas de dor são usadas tanto na avaliação inicial quanto na evolução das dores. É uma forma muito útil de acompanhar os sintomas durante o tratamento¹, ajudando o médico e paciente entenderem melhor como os sintomas agem e evoluem. Existe alguns tipos de escalas que podem ser utilizadas. Confira a seguir.

 

Escala Visual Analógica

A Escala Visual Analógica, ou EVA, é uma metodologia de acompanhamento muito comum, em que avalia a dor em uma escala de 0 a 10, onde o número 0 representa a ausência de dores e o 10 representa a presença intensa dos sintomas.2


Escala tipo Likert

Este tipo de escala visual categoriza os sintomas em uma escala de 0 a 5, onde cada número significa:

 

0. Ausência do sintoma;

1. muito leve;

2. leve;

3. moderado;

4. intenso;

5. muito intenso.

 

A avaliação pode propor a distribuição da dor por meio de um diagrama que representa o contorno do seu corpo, onde o paciente assinala os pontos onde doem, apesar de não ter avaliação formal desses desenhos. ²



Índice miálgico total

Esta escala pode ser composta por várias combinações de formas de avaliação do início da dor por meio da pressão sobre os pontos dolorosos. A escala apresenta os seguintes números:3, 4

 

0. para ausência de dor;

1. para dor leve;

2. para exclamação verbal;

3. movimento de retirada ou expressão facial de dor.

 

Como diminuir os impactos da dor na qualidade de vida? 

A fibromialgia pode afetar muito a qualidade de vida do paciente, pois a dor pode desencadear outros distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão5. O apoio familiar é importante, já que a fibromialgia é uma doença de longa duração, com queixas constantes1. A indicação é que, além do acompanhamento psicológico, a pessoa combine com técnicas que proporcionem relaxamento para ajudar no controle da dor1.

 

Técnicas de respiração

As técnicas de respiração ajudam o corpo a entrar em estado de relaxamento. Para quem não colocou esta prática no cotidiano, pode conferir a nossa Aula de Yoga comTécnicas de Respiração, com atividades de apenas 15 minutos, para ajudar o seu corpo a relaxar e acalmar seus pensamentos, trazendo tranquilidade 6.

 

Alongamento

Outra forma de autocuidado que garante a qualidade de vida é o alongamento. A concentração nos movimentos do seu corpo, combinado com as técnicas de respiração, aumenta a sua consciência corporal, além de melhorar a saúde mental6.

 

Acupuntura

A acupuntura é uma técnica chinesa milenar que usa agulhas para estimular pontos específicos do corpo. A técnica pode exercer efeito analgésico, reduzindo as dores causadas pela fibromialgia7. A acupuntura deve ser feita com profissionais treinados, usando agulhas esterilizadas ou de uso único.

 

Pilates

Os exercícios do Pilates podem ser praticados com equipamentos ou no solo, e, assim como o alongamento, esta atividade fortalece a musculatura e aumenta a flexibilidade. A prática de Pilates pode ajudar no controle da dor para quem tem fibromialgia ou dores neuropáticas.8

 

O que pode impactar as escalas de dores?

Acompanhar como está o nível de dor pode ser uma ótima opção para verificar a evolução dos sintomas. A pandemia de COVID-19, por exemplo, teve seu impacto na dor e em outros sintomas psicológicos. O isolamento social pode ter criado sequelas neste período pós-pandêmico, causando prejuízos nas condições clínicas, aumentando, assim, as dores. 9

Sendo assim, é interessante discutir com o seu médico qual escala de dor é ideal adotar para acompanhar o seu caso. A dor é caracterizada como um fator causado pelo estresse, fatores psicológicos, sociais e neurobiológicos, que resultam em um ciclo doloroso.

 

Onde posso saber mais sobre fibromialgia?

A escala de dor ajuda no acompanhamento do paciente com fibromialgia, principalmente no controle da dor. A fibromialgia é uma doença que acomete cerca de 3% da população brasileira e o diagnóstico é feito com base no histórico do paciente, com base em eliminação de diagnósticos10.

Por isso, é importante sempre ficar atento às novidades envolvendo o assunto em uma fonte de informação segura. Acompanhe o Blog da Saúde e fique sempre antenado com assuntos sobre fibromialgia. Lembre-se que qualquer mudança na sua rotina ou composição de terapias e atividades deve ser discutida com o seu médico e, assim, seguir suas recomendações.

 

Material para todos os públicos.

NON-2023-2014 - Abril/2023

 

 

 

Referências

1 SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Fibromialgia.?Fibromialgia, [s. l.], 2 mar. 2004. Disponível em: https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/fibromialgia.pdf. Acesso em: 15 fev. 2023.

2 Melzack R. The McGill Pain Questionnaire: major properties and scoring methods. Pain 1975; 1:277-99.

3 Granges G, Littlejohn G. Pressure pain threshold in pain-free subjects, in patients with chronic regional pain syndromes, and in patients with fibromyalgia syndrome. Arthritis Rheum 1993; 36:642-6.

4 PROVENZA, JR; POLLAK, DF; MARTINEZ, JE; PAIVA, ES; HELFENSTEIN, M; HEYMANN, R; MATOS, JMC; SOUZA, EJR; SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Fibromialgia.?Rev. Bras. Reumatol. 44 (6), [s. l.], 1 dez. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbr/a/xKmjCGfP8SQnPqngfQ9CS7w/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 16 fev. 2023.

5 ANDRADE, Alexandro; STEFFENS, Ricardo de Azevedo Klumb; GRISARD, Felippe; DE LIZ, Carla Maria; BRANDT, Ricardo; COIMBRA, Danilo Reis; BEVILACQUA, Guilherme Guimarães. TRENGTH TRAINING IN PATIENTS WITH FIBROMYALGIA: A FEASIBILITY STUDY.? Rev Bras Med Esporte 29  2023, [s. l.], 5 mar. 2017. DOI https://doi.org/10.1590/1517-869220232901176543. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/78FkRgh8XrgtYnjjZNvcbmn/?lang=en. Acesso em: 19 fev. 2023.

6 DA SILVA, Gerson D'Addio; LAGE, Lais V. Ioga e fibromialgia.?Rev. Bras. Reumatol. 46 (1)  Fev 2006?, [s. l.], 25 maio 2006. DOI https://doi.org/10.1590/S0482-50042006000100008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbr/a/6SJB8ZcvkcM8QtXfpsfyLNc/?lang=pt. Acesso em: 20 fev. 2023.

7 STIVAL, Rebecca Saray Marchesini; CAVALHEIRO, Patrícia Rechetello; STASIAK, Camila; GALDINO, Dayana Talita; HOEKSTRA, Bianca Eliza; SCHAFRANSKI, Marcelo Derbli. Acupuntura na fibromialgia: um estudo randomizado-controlado abordando a resposta imediata da dor.?Rev. Bras. Reumatol. 54 (6)  Nov-Dec 2014, [s. l.], 1 nov. 2014. DOI https://doi.org/10.1016/j.rbr.2014.06.001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbr/a/6RfVzvffnVhtL4vQNSNFRzS/?lang=pt. Acesso em: 20 fev. 2023.

8 DE JESUS, Daniel Xavier Gomes; PACHECO, Crislaini da Rocha; REZENDE, Rafael Marins. The use of Pilates for pain control in patients with fibromyalgia.?REVIEW ARTICLE  Fisioter. mov. 35  2022, [s. l.], 8 jul. 2022. DOI https://doi.org/10.1590/fm.2022.35204. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fm/a/5kpRtXnWMz3fDym5mSx8jcP/?lang=en. Acesso em: 16 fev. 2023.

9 DE MELO, Géssika Araújo; MADRUGA, Marcela Laís Lima Holmes; DE OLIVEIRA, Maria Beatriz Ribeiro; TORRO, Nelson. Possible repercussions of the COVID-19 pandemic on women with fibromyalgia: longitudinal study.?BrJP 5 (3)  Jul-Sep 2022, [s. l.], 24 out. 2022. DOI https://doi.org/10.5935/2595-0118.20220043-en. Disponível em: https://www.scielo.br/j/brjp/a/DSdRdHd5nJ53qN5pyWMLn3w/?lang=en. Acesso em: 16 fev. 2023.

10 COUTO, Letícia Assis; YUAN, Susan Lee King; DE SOUZA, Ingred Merllin Batista; DO ESPÍRITO SANTO, Adriana de Sousa; MARQUES, Amélia Pasqual. Avaliação do agenciamento de autocuidados e sua associação com sintomas e qualidade de vida em indivíduos com fibromialgia.?Fisioter. Pesqui. 27 (2)  Apr-Jun 2020, [s. l.], 31 jul. 2020. DOI https://doi.org/10.1590/1809-2950/19009927022020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fp/a/6jS8FC3RSXvTpH768zFjnLD/?lang=pt. Acesso em: 16 fev. 2023.