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Uso de antidepressivos em pacientes com comorbidades e polimedicados

Quem toma remédio todos os dias por conta de tratamentos contínuos pode ter algumas dúvidas sobre inserir um novo medicamento na rotina, principalmente quando são antidepressivos.

E as dúvidas ficam ainda mais complicadas se essa pessoa possuir comorbidades, ou seja, tem duas ou mais doenças ao mesmo tempo, não obrigatoriamente sendo relacionadas.¹

Essa condição pode se tornar um sério agravante para a depressão. Nesse post, vamos passar por estudos sobre a relação de medicamentos antidepressivos, comorbidades e polimedicação.¹

Lembrando que todo e qualquer tratamento de depressão deve ser prescrito por profissionais de saúde para o acompanhamento correto para o seu caso.

 

Depressão e diabetes

A Sociedade Brasileira de Diabetes indica que, no Brasil, existem mais de 13 milhões de pessoas que vivem com a doença, sendo 6,9% da população nacional.2

Outro fato importante e que muitos não sabem é que a depressão atinge duas vezes mais as pessoas com diabetes do que aquelas sem a doença.2,3

Quem convive com diabetes e depressão tem maior risco de obesidade, percepção amplificada dos sintomas do diabetes, pior controle glicêmico e maior prevalência de complicações, como problemas na retina, nos rins e nos nervos.³

O desafio de tratar a depressão em pessoas com diabetes é não afetar os próprios fatores de risco dessa condição, mantendo o controle glicêmico. Em casos mais leves, em que não é indicado o uso de medicamentos, a terapia se mostra uma ótima aliada.4

Para os casos que precisam de antidepressivos, é necessário que o seu médico analise com cuidado o impacto que esses medicamentos podem ter sobre a glicemia e os outros remédios que já estão em uso. 4

 

Depressão e problemas respiratórios

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) atinge por volta de 300 milhões de pessoas no mundo, tendo a exposição ao tabaco, poluição, gases e substâncias tóxicas como os principais fatores de risco. 5

O fato de ter uma doença pulmonar grave pode gerar um desânimo nas pessoas, o que pode aumentar as chances de desenvolver um quadro depressivo. 6

Experiências clínicas sugerem que antidepressivos específicos podem ser eficientes no tratamento dessas pessoas, mas acontece que algumas delas podem ser resistentes a adicionarem mais remédios em sua rotina.6

Por outro lado, o jornal científico European Respiratory Journal realizou uma pesquisa com pacientes idosos onde o uso de certos antidepressivos aumentou consideravelmente a taxa de morbidade e mortalidade.7

Um ponto em comum nas pesquisas é que as duas apresentam bons resultados sobre o tratamento da depressão através de terapia, diminuindo os sintomas de tristeza e ansiedade.6,7

Reforçamos que, além de qualquer estudo, o acompanhamento com seu profissional da saúde é indispensável para tirar dúvidas e ter o medicamento correto para sua situação.

 

Depressão e hipertensão

No Brasil, mais de 30 milhões de pessoas sofrem com hipertensão e, de acordo com o Ministério Público, apenas 10% fazem o controle adequado. 9

A depressão também afeta as pessoas hipertensas com mais recorrência do que na população geral, principalmente idosos. A recomendação do Ministério da Saúde é que seja feito um tratamento que envolva terapia, medicação ou ambos, devido aos resultados positivos desses procedimentos.2,9

Obesidade, excesso de bebidas alcoólicas e sedentarismo são fatores capazes de agravar os sintomas da depressão e, junto à hipertensão, a situação pode piorar.?

Vários medicamentos podem aumentar a pressão arterial, inclusive alguns antidepressivos, portanto é preciso tomar cuidado com a polimedicação. Para evitar problemas, conte ao seu médico tudo o que já toma para que o antidepressivo certo seja prescrito. ?

 

Depressão e Doenças Cardiovasculares

14 milhões de pessoas têm alguma doença cardiovascular no Brasil, correspondendo a 30% de todos os óbitos.¹0

A depressão se torna um fator de risco nesses casos porque o risco de eventos cardíacos como um ataque do coração ou taquicardia é aumentado. A soma de fatores como tabagismo e obesidade tornam o caso ainda mais grave.³

É necessário que as características das doenças cardiovasculares sejam estudadas avaliadas com o médico caso seja preciso tomar antidepressivos, não afetando o tratamento e os efeitos dos medicamentos que já toma.¹¹

Tenha atenção especial em sua saúde para saber o que sente, relatando seus sintomas ao médico corretamente, garantindo que seu tratamento seja adequado de acordo com suas necessidades.¹¹

 

Devo tomar antidepressivos tendo comorbidades?

A resposta para isso sempre será dada pelo profissional da saúde que te acompanha. Concentre-se em reunir o máximo de informações sobre como se sente, tanto em relação à comorbidade quanto psicologicamente.

Além disso, não troque ou pare de usar medicamentos indicados sem orientação médica.

Em nossa seção específica sobre saúde mental, você pode encontrar tópicos que te ajudam a esclarecer dúvidas. Para acessar, basta clicar aqui.

 

Referências

Depression, Comorbidities, and Prescriptions of Antidepressants in a German Network of GPs and Specialists with Subspecialisation in Anthroposophic Medicine: A Longitudinal Observational Study. National Library of Medicine [Internet]. 2012 Dec 06  [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3529476/.

Complicações da Diabetes. Ministério da Saúde [Internet]. 2022 Oct 20  [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/diabetes/complicacoes

Depressão e comorbidades clínicas. SciElo [Internet]. 2005 Aug 12  [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://www.scielo.br/j/rpc/a/C4n3mbn9gG5rKkK3Ws85S6C/?lang=pt

Depressão e Diabetes Mellitus. SciElo [Internet]. 2010 Feb 22  [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://www.scielo.br/j/rpc/a/YwLmfZk78yT97DcsYgzvbGt

Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia [Internet]. 2020 Nov 17  [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://sbpt.org.br/portal/dia-mundial-dpoc-2020/

DPOC e Depressão. Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro [Internet]. 2013  [cited 2024 Jun 27]. Available from: http://www.sopterj.com.br/wp-content/themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2013/n_02/08.pdf

Serotonergic antidepressant use and morbidity and mortality among older adults with COPD. European Respiratory Journal [Internet]. 2018 May 28  [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://erj.ersjournals.com/content/52/1/1800475

Hipertensão atinge mais de 30 milhões de pessoas no Brasil. Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo [Internet]. 2018 Apr 23  [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://socesp.org.br/noticias/area-medica/hipertensao-atinge-mais-de-30-milhoes-de-pessoas-no-brasil/.

Uso de antidepressivos em pacientes deprimidos hipertensos: revisão narrativa de literatura. Brazilian Journal of Development [Internet]. 2021 Nov 22  [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/40010/pdf   

"Usar o coração para cada coração": 29/9 - Dia Mundial do Coração. Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde [Internet]. 2022 [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/usar-o-coracao-para-cada-coracao-29-9-dia-mundial-do-coracao/.

Cardiovascular Considerations in Antidepressant Therapy: An Evidence-Based Review. National Library of Medicine [Internet]. 2013 Oct 28 [cited 2024 Jun 27]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4434967/.

 

 

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