Blog da Saúde
A relação entre qualidade do sono e enxaqueca
Se você sofre de
enxaqueca frequente, talvez já tenha percebido que noites mal dormidas podem
ser um gatilho para suas crises. Mas essa conexão não é apenas uma
coincidência. Estudos apontam que pessoas com enxaqueca costumam apresentar uma
qualidade de sono inferior quando comparadas àquelas que não têm a condição.
Além disso, dormir pouco ou ter um sono fragmentado pode aumentar a frequência
e a intensidade das crises.¹
Pesquisadores
acreditam que essa relação pode estar ligada a mecanismos fisiológicos
compartilhados. Regiões do sistema nervoso central, como o diencéfalo e o
tronco cerebral, têm um papel fundamental tanto na regulação do sono quanto no
desenvolvimento da enxaqueca. Além disso, neurotransmissores como serotonina,
dopamina, melatonina e orexinas influenciam tanto a qualidade do sono quanto a
susceptibilidade à dor.¹
Compreender essa
relação é essencial para encontrar formas de melhorar a qualidade do sono e,
consequentemente, reduzir os episódios de enxaqueca. Neste artigo, exploramos
como o sono inadequado pode desencadear crises e apresentamos estratégias para
aprimorar a higiene do sono.¹
Como o sono inadequado pode desencadear crises de enxaqueca?
O sono desempenha
um papel essencial na regeneração do organismo e no equilíbrio do sistema
nervoso.¹ Quando não dormimos o suficiente ou temos um sono de baixa qualidade,
nosso cérebro fica mais sensível a estímulos que podem causar enxaqueca.¹
Muitas pessoas usam
o sono para aliviar a dor de cabeça. Embora possam acordar se sentindo melhor,
com o tempo, usar o sono dessa forma pode contribuir para a insônia e outras
dificuldades de sono.²
Os principais
mecanismos envolvidos nessa relação incluem:3
- Desequilíbrio do ciclo sono-vigília: o corpo pode reagir à falta ou ao excesso de sono
desencadeando crises de enxaqueca como uma forma de restaurar o equilíbrio. Por
exemplo, se você dormiu mais do que o habitual, a dor pode mantê-lo desperto, e
se dormiu pouco, a enxaqueca pode forçá-lo a descansar.
- Sensibilidade a mudanças na rotina: o cérebro de pessoas com enxaqueca tende a reagir
negativamente a variações nos horários de sono. Dormir além do horário habitual
ou dormir menos do que o necessário pode servir como gatilho para crises.
- Alterações nos níveis de neurotransmissores: a privação de sono impacta
substâncias como serotonina, dopamina e melatonina, que regulam tanto o sono
quanto a percepção da dor. Qualquer desregulação nesses neurotransmissores pode
facilitar o surgimento da enxaqueca.
- Impacto na rotina alimentar: mudanças no horário de sono podem alterar os
hábitos alimentares, levando a longos períodos de jejum ou variações na
ingestão de cafeína, o que também pode atuar como fator desencadeante.
- Aumento da inflamação e sensibilidade neuronal: o sono inadequado pode gerar
inflamação no organismo e aumentar a excitabilidade do sistema nervoso,
tornando-o mais propenso a crises de enxaqueca.
Manter uma rotina de sono regular e equilibrada pode ser um passo essencial para reduzir a frequência e a intensidade das crises.3
Melhores práticas para uma boa higiene do sono
Ter uma boa higiene do sono é essencial para a saúde e pode ajudar a prevenir crises de enxaqueca. Algumas práticas recomendadas incluem:4
- Estabeleça uma rotina de sono: dormir e acordar no mesmo horário todos os dias
melhora a qualidade do descanso. Evite cochilos longos durante o dia.
- Crie um ambiente propício: mantenha o quarto escuro, silencioso e
confortável. Evite telas e outras distrações antes de dormir.
- Relaxe antes de dormir: atividades como leitura, banho morno ou ouvir
música suave podem ajudar a desacelerar a mente.
- Evite estimulantes: cafeína, nicotina e álcool podem prejudicar o sono. Refeições pesadas
ou exercícios intensos antes de dormir também atrapalham.
- Gerencie o estresse: técnicas como respiração profunda e meditação ajudam a relaxar e evitar
insônia.
Uma rotina de sono
saudável pode reduzir a frequência das enxaquecas e melhorar a disposição no
dia a dia.4
Monitoramento dos sintomas e exposição gradual a gatilhos
Além de ajudar a
compreender a influência de fatores externos e internos na frequência das
crises, estudos recentes indicam que a exposição gradual a gatilhos pode
reduzir a sensibilidade a eles. Em vez de evitar completamente os gatilhos
conhecidos, algumas pessoas podem se beneficiar ao enfrentá-los
progressivamente, combinando técnicas de gerenciamento comportamental, como
treinamento de relaxamento, reestruturação cognitiva e redução do estresse.5
Recursos úteis para melhorar o sono e reduzir a enxaqueca
A jornada para um
sono de qualidade pode ser facilitada com o uso de alguns recursos. Aqui estão
algumas recomendações de podcasts, livros e materiais que podem ajudar:
Podcasts
- Podcasts Para Domir (disponível no Spotify): playlist com dicas práticas para
melhorar o sono, meditações guiadas e episódios para meditar, relaxar e acalmar
a mente.
- Mindfulness e Relaxamento (disponível no Apple Podcasts): episódios focados em técnicas de
relaxamento para dormir melhor.
Livros
- Porque Nós Dormimos, de Matthew Walker: um dos livros mais completos sobre a
importância do sono para a saúde.
- Sono e Saúde Mental, de Rubens Reimão: foca na relação entre qualidade do sono e
transtornos neurológicos.
Sono e enxaqueca: como dormir melhor pode reduzir suas crises
O estresse é um dos
principais gatilhos da enxaqueca, tornando essencial desenvolver estratégias
para controlá-lo. Práticas como meditação, técnicas de respiração e mindfulness
são altamente recomendadas.4
Diminuir o tempo de
exposição a notícias e redes sociais também pode ajudar. Uma sugestão é limitar
o consumo de informações a 30 minutos de manhã e 30 minutos à noite.4
Para mais conteúdos
sobre como melhorar sua qualidade de vida e o manejo da enxaqueca, confira o
e-book que preparamos sobre alimentação e gatilhos. Acesse: https://programasecuida.com.br/blog/gatilhos-alimentares-enxaqueca
E, se cuida!
Referência:
- TISEO, Cindy;
VACCA, Alessandro; FELBUSH, Anton; FILIMONOVA, Tamara; GAI, Annalisa;
GLAZYRINA, Tatyana; HUBALEK, Irina Anna; MARCHENKO, Yelena; OVEREEM, Lucas
Hendrik; PIROSO, Serena; TKACHEV, Alexander; MARTELLETTI , Paolo; SACCO,
Simona. Migraine and sleep disorders: a systematic review.
The Journal of Headache and Pain, [S. l.], p. Articles, 27 out. 2020. Disponível em: https://thejournalofheadacheandpain.biomedcentral.com/articles/10.1186/s10194-020-01192-5.
Acesso em: 31 mar. 2025.
- AMERICAN MIGRANE FOUNDATION. The Relationship
Between Sleep, Headache and Pain. American Migrane Foundation, [S. l.], p.
Resource Library, 10 jun. 2021. Disponível em: https://americanmigrainefoundation.org/resource-library/sleep-headache/.
Acesso em: 31 mar.
2025.
- THE MIGRAINE TRUST.
Sleep and migraine. Disponível em: https://migrainetrust.org/news/sleep-and-migraine/.
Acesso em: 7 jul. 2025.
- AMERICAN MIGRAINE FOUNDATION. Lifestyle Changes for
Migraine. Disponível em: https://americanmigrainefoundation.org/resource-library/lifestyle-changes-for-migraine/.
Acesso em: 7 jul. 2025.
- THE MAYO CLINIC. Migraines: Simple steps to head
off the pain. The Mayo Clinic, [S. l.], p. -, 4 out. 2022. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/migraine-headache/in-depth/migraines/art-20047242. Acesso em: 31 mar. 2025.
Material destinado
a todos os públicos.
BR-NON-2025-00151 -
Agosto/2025