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Mitos e Verdades sobre o que Alivia a Crise de Enxaqueca
Quem convive com
esse problema sabe o quanto uma crise pode ser incapacitante, causando dor
intensa, sensibilidade à luz e ao som, náuseas e outros sintomas debilitantes.¹
Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca é uma condição que afeta
milhões de pessoas em todo o mundo, vai além da simples cefaleia, e são mais
comuns em mulheres do que em homens. Eles estão entre as três principais
condições neurológicas mais comuns para a maioria das faixas etárias, começando
com 5 anos e permanecendo entre as três principais até os 80 anos. Apesar de
algumas variações regionais, os distúrbios de cefaleia são um problema mundial,
afetando pessoas de todas as raças, níveis de renda e áreas geográficas.²
Apesar de sua alta
prevalência, ainda existem muitos mitos sobre o que realmente ajuda a aliviar
uma crise. Algumas soluções populares não possuem embasamento científico,
enquanto outras são comprovadamente eficazes. Vamos esclarecer as principais
crenças sobre o tema.
O que realmente alivia a crise de enxaqueca?
Os distúrbios de
cefaleia, caracterizados por dores de cabeça recorrentes, vão muito além do
desconforto momentâneo. Eles representam um problema significativo de saúde
pública, trazendo impacto na qualidade de vida, produtividade e bem-estar. ²
A enxaqueca ainda é
subestimada, subdiagnosticada e subtratada em todo o mundo. Muitas pessoas que
sofrem com essa condição não recebem o tratamento adequado, o que agrava ainda
mais os impactos físicos e emocionais.²
Diante desse
cenário, é essencial distinguir o que realmente ajuda a aliviar uma crise de
enxaqueca do que não passa de crença popular. Em meio à busca por alívio, um
labirinto de crenças populares e práticas terapêuticas se apresenta, nem sempre
alinhadas com a ciência.
Chegou a hora de
separar o joio do trigo e trazer algumas afirmações sobre enxaqueca, que podem
ou não ter evidências científicas para o manejo dessa condição debilitante.
1. Tomar café pode aliviar a enxaqueca
Depende! A cafeína tem um efeito duplo na enxaqueca. Para algumas pessoas,
consumir café em pequenas quantidades pode ajudar a aliviar a dor, pois a
substância tem ação vasoconstritora e pode potencializar o efeito de
analgésicos. No entanto, o consumo excessivo de cafeína pode levar à
dependência e ao efeito rebote, aumentando a frequência das crises. O ideal é
manter um consumo moderado e observar como o organismo reage.³
2. Beber muita água ajuda a prevenir crises?
2. Beber muita água ajuda a prevenir crises?
Verdade: A desidratação é um dos gatilhos comuns da enxaqueca. Manter-se bem
hidratado é essencial para prevenir crises, pois a falta de líquidos no
organismo pode levar à dilatação dos vasos sanguíneos no cérebro, contribuindo
para o surgimento da dor. Beber água regularmente é um hábito simples que pode
fazer a diferença.4
3. Compressas frias na testa aliviam a dor
Verdade: O gelo ou uma compressa fria aplicada na testa e na região das têmporas
pode ajudar a reduzir a dor da enxaqueca, pois causa vasoconstrição, reduzindo
o fluxo sanguíneo e diminuindo a inflamação nos nervos da cabeça. Esse método é
seguro e pode ser utilizado como complemento ao tratamento medicamentoso.5
4. Massagens aliviam a dor da enxaqueca
Depende: A massagem pode ajudar a reduzir a tensão muscular e melhorar a
circulação, proporcionando alívio em alguns casos. No entanto, para pessoas com
enxaqueca severa, pressão excessiva na cabeça e no pescoço pode agravar os
sintomas. O ideal é testar com cuidado e verificar se esse método funciona para
você.5
5. Chocolate causa enxaqueca
Mito: O chocolate é frequentemente visto como um gatilho para crises de
enxaqueca, mas a relação não é tão simples. Algumas pessoas podem ser sensíveis
a substâncias como a tiramina, presente no chocolate, o que pode desencadear
crises. No entanto, muitas vezes, o desejo por doces antes de uma crise pode
ser apenas um sintoma precoce da enxaqueca, e não a causa. Isso pode levar à
falsa percepção de que o chocolate foi o responsável pelo episódio. Por isso, é
essencial que cada pessoa observe seu próprio padrão de gatilhos antes de
eliminá-lo da dieta.6
6. O uso excessivo de analgésicos pode piorar a enxaqueca
Verdade: Embora analgésicos sejam frequentemente utilizados para aliviar a dor
da enxaqueca, o uso frequente e prolongado pode levar ao efeito oposto,
desencadeando as chamadas dores de cabeça por uso excessivo de medicamentos
(também conhecidas como cefaleia rebote).7
Esse tipo de dor
ocorre quando o organismo se acostuma à medicação, fazendo com que a
interrupção ou a redução da dose provoque um novo episódio de dor de cabeça.
Esse fenômeno é mais comum em pessoas que já sofrem de enxaqueca ou outras
cefaleias primárias, tornando o ciclo da dor ainda mais difícil de controlar.7
A boa notícia é
que, na maioria dos casos, as dores de cabeça por uso excessivo de medicamentos
podem ser resolvidas com a suspensão ou substituição do fármaco. No entanto,
isso pode tornar o controle da dor desafiador no curto prazo. Por isso, é
essencial buscar a orientação de um profissional de saúde para encontrar a
melhor estratégia de tratamento e evitar a dependência de analgésicos para o
alívio das crises.7
7. Atividades físicas melhoram a enxaqueca
Depende: A prática
regular de atividades físicas pode ser uma grande aliada no controle da
enxaqueca. Durante o exercício, o corpo libera substâncias químicas que ajudam
a bloquear os sinais de dor no cérebro, além de reduzir a ansiedade e a
depressão - dois fatores que podem agravar as crises.8
Além disso, manter
um peso saudável por meio da combinação de exercícios e alimentação equilibrada
pode trazer benefícios adicionais, já que a obesidade está associada a um maior
risco de dores de cabeça crônicas. 8
8. Mudanças na alimentação podem ajudar no controle da enxaqueca
Verdade: Adotar uma alimentação equilibrada e identificar gatilhos alimentares
são estratégias fundamentais na prevenção das crises de enxaqueca. Alguns
alimentos, como queijos envelhecidos, embutidos, chocolate, cafeína e álcool,
podem desencadear crises em algumas pessoas.8
Além de prestar
atenção aos alimentos consumidos, é essencial manter hábitos alimentares
regulares. Comer nos mesmos horários todos os dias e evitar pular refeições
pode reduzir o risco de crises, já que o jejum prolongado é um fator
desencadeante para muitas pessoas.8
Uma maneira eficaz
de entender como a alimentação influencia suas enxaquecas é manter um diário
alimentar. Registrar os alimentos ingeridos e o surgimento das crises pode
ajudar a identificar padrões e eliminar possíveis gatilhos da dieta. Caso
suspeite que um alimento específico esteja causando enxaquecas, tente removê-lo
temporariamente e observe as mudanças.8
Conhecimento é poder no controle da enxaqueca
A enxaqueca é uma
condição complexa e debilitante, mas entender seus gatilhos e adotar hábitos
saudáveis pode fazer toda a diferença no manejo das crises.6 Separar
mitos de verdades científicas é essencial para encontrar estratégias eficazes e
evitar soluções ineficazes ou até prejudiciais.
Pequenas mudanças
no estilo de vida, como manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios
de forma moderada e evitar o uso excessivo de analgésicos, podem contribuir
para a redução da frequência e intensidade das crises. Além disso, manter um
diário alimentar e observar padrões individuais pode ser um grande aliado na
identificação de gatilhos.8
Cada pessoa reage
de maneira única à enxaqueca, por isso, o acompanhamento médico é fundamental
para um tratamento adequado. Com informação e cuidados personalizados, é
possível conviver melhor com essa condição e recuperar a qualidade de vida.8
Referência:
- VIANA, Karinne.
Enxaqueca: um mal que afeta milhões de pessoas. Agência Saúde-DF, Secretaria de
Saúde do Distrito Federal, p. Notícias, 3 nov. 2023. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/web/guest/w/enxaqueca-um-mal-que-afeta-milh%C3%B5es-de-pessoas.
Acesso em: 27 mar. 2025.
- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Migraine and other
headache disorders. World Health Organization, [S. l.], p. Detail, 6 mar. 2024.
Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/headache-disorders. Acesso em: 27
mar. 2025.
- AMERICAN MIGRANE FOUNDATION. Key Points about
Caffeine and Migraines. American Migrane Foundation, [S. l.], p. Resource-
Library, 10 jan. 2017. Disponível em: https://americanmigrainefoundation.org/resource-library/caffeine-and-migraine/. Acesso em: 27 mar. 2025.
- KHORSHA, Faezeh;
MIRZABABAEI, Atieh; TOGHA, Mansoureh; MIRZAEI, Khadijeh. Association of drinking water and migraine headache severity. Journal of
Clinical Neuroscience, [s. l.], p. Clinical study, Julho 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0967586820309413.
Acesso em: 27 mar. 2025.
- AMERICAN MIGRANE FOUNDATION. Migraine Home
Remedies. American Migrane Foundation, [s. l.], p. Managing Migraine, 4 ago.
2022. Disponível em: https://americanmigrainefoundation.org/resource-library/migraine-home-remedies.
Acesso em: 27 mar. 2025.
- THE MIGRANE TRUST. Migraine attack triggers. The
Migrane Trust, [s. l.], p. Managing Your Migraine, 19 abr. 2021. Disponível em: https://migrainetrust.org/live-with-migraine/self-management/common-triggers/?gad_source=1&gclid=Cj0KCQjwkZm_BhDrARIsAAEbX1GGOzcHXo_8BqgObyoSmu6Q3ITkxehuxB5Zso3SNRbNFDRa58htLkEaAlaHEALw_wcB#page-section-5.
Acesso em: 27 mar. 2025.
- THE MAYO CLINIC. Medication Overuse Headaches. The
Mayo Clinic, [s. l.], p. Diseases & Conditions, 19 abr. 2021. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/medication-overuse-headache/symptoms-causes/syc-20377083.
Acesso em: 27 mar. 2025.
- THE MAYO CLINIC. Migraines: Simple steps to head
off the pain. The Mayo Clinic, [s. l.], p. Migrane-Headaches, 4 out. 2022. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/migraine-headache/in-depth/migraines/art-20047242.
Acesso em: 27 mar. 2025.
Material destinado
a todos os públicos.
BR-NON-2025-00150 -
Maio/2025