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Metade dos brasileiros já teve contato com o esgotamento mental, diz pesquisa Datafolha

Levantamento, encomendado pela Abrata e Viatris, com brasileiros a partir dos 16 anos, revela ainda que jovens são maioria no público que vivencia situações de estresse e cansaço por mais de um dia.

 

Metade dos brasileiros, de 16 anos ou mais, revela que eles mesmos ou alguém dentro de suas casas passaram por um esgotamento extremo que não acabava mesmo após um dia de descanso. 

 

A constatação foi feita pela mais recente pesquisa Datafolha "Saúde Mental dos Brasileiros 2022", encomendada pela Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e pela Viatris, nova empresa de saúde global com o propósito de empoderar as pessoas ao redor do mundo para viverem com mais saúde em todas as fases da vida.

 

O levantamento foi feito de maneira presencial entre os dias 2 e 13 de agosto de 2022, em 130 municípios, que abrangem as cinco regiões socioeconômicas do Brasil. Ao todo, foram entrevistadas 2.098 pessoas a partir de 16 anos, de todas as classes econômicas.

 

Na pesquisa, cerca de 53% dos participantes responderam que passaram ou convivem com alguém que passou por um período de cansaço e desequilíbrio emocional extremos, seguidos de uma sensação de desgaste físico e mental que perdurou por mais de um dia.

 

Do total, a maioria dos impactados eram mulheres, no qual 57% afirmaram passar por algum tipo de contato com esgotamento mental. Outro fator de destaque é que na faixa etária dos jovens de 16 a 24 anos, 63% vivenciaram situações de estresse e cansaço por mais de um dia.

 

A pesquisa faz parte da Campanha "Bem Me Quer, Bem Me Quero: Cuidar da Saúde Mental é um Exercício Diário", alusiva ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. A ação faz um alerta para a valorização do autocuidado todos os dias em prol da saúde mental.

 

"O mais recente retrato da saúde mental do brasileiro revela percepção de esgotamento e sofrimento emocional. A pesquisa também chama a atenção pelo fato de adultos jovens serem mais propensos a terem essa percepção. É preciso olhar para os motivos, mas também propor medidas para mudar esse cenário", comenta o médico psiquiatra Dr. Fernando Fernandes.

 

Impacto da pandemia

 

O estudo também revelou que 34% dos brasileiros declararam ter passado por problemas psicológicos durante a pandemia de Covid-19. O número, apesar de ainda representar praticamente um terço da população do país, é menor do que o cenário da pesquisa Datafolha do ano anterior, que era de 44%.

 

"O motivo dessa queda nos resultados pode estar relacionado a uma percepção diferente sobre os riscos à saúde, além de uma eventual melhora no ambiente econômico comparados ao momento mais agudo da Covid-19", finaliza o psiquiatra.

 

Por outro lado, a pesquisa também evidenciou que 8 em cada 10 brasileiros concordam que durante a pandemia ocorreu um aumento dos momentos de angústia e ansiedade. Norte e Nordeste foram as regiões de maior percepção (84%), seguido do Sudeste (80%), Centro-Oeste (78%) e Sul (69%).

 

*A pesquisa do Instituto Datafolha é quantitativa, foi realizada de 02 e 13 de agosto de 2022. A abrangência é nacional, tendo sido realizadas 2098 entrevistas, distribuídas em 130 municípios de todas as regiões brasileiras. Os entrevistados possuem 16 anos ou mais e pertencem a todas as classes econômicas.

 

79% dos brasileiros concordam que redes sociais podem contribuir para aumentar problemas de saúde mental

Pesquisa Datafolha mostrou ainda como o uso das redes sociais pode ter influenciado na saúde mental dos brasileiros nos últimos anos. Isso porque 38% dos brasileiros revelaram sentir medo de ser julgado pelo conteúdo que posta nas redes sociais. Os mais jovens, de 16 a 24 anos, foram os que mais se sentiram impactados, com o percentual de 43%.

Além disso, 26% confessaram se sentirem cobrados a manter uma atividade constante nas redes sociais. Em contrapartida, aproximadamente 79% brasileiros concordam que essas mesmas redes podem contribuir para aumentar os problemas de saúde mental.

O fato de as redes sociais fazerem parecer que todo mundo é bonito, feliz e bem-sucedido fazem com que ao menos 65% dos usuários se sintam insatisfeitos com suas vidas. Por fim, 84% consideram que os haters, que são pessoas que julgam e propagam o ódio nas redes sociais, podem influenciar no crescimento do nível de suicídio na sociedade.

"Cada vez mais nos deparamos com as redes sociais, usadas de forma exagerada, como uma fonte de ansiedade e ainda geradora de uma alta carga de pressão para demonstrar felicidade e positividade justamente em momentos de adversidade", afirma o médico psiquiatra Fernando Fernandes.

 

NON-2023-8011 - agosto/2023