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Esquizofrenia: quem cuida também precisa se cuidar

Só quem assume o papel de cuidador de uma pessoa com esquizofrenia sabe dos desafios que precisa enfrentar para cumprir essa função, não é?! Em geral, pessoas da própria família são responsabilizadas pelo cuidado das pessoas com esse tipo de transtorno mental.1

O cuidado da pessoa com esquizofrenia exige um esforço quase permanente, que vai desde cuidados com higiene pessoal até cuidados com relação à alimentação, medicamentos, finanças e supervisão de comportamentos problemáticos da pessoa com esquizofrenia.2,3

Tudo isso resulta em mudanças importantes na vida social e profissional desses cuidadores e impacta, muitas vezes negativamente, a qualidade de vida daqueles que se dispõem a cuidar dessas pessoas.3

Apesar de ser um importante aliado no acompanhamento das pessoas com esquizofrenia, o cuidador pode chegar a um estado de sobrecarga, o que não é nada bom... Tudo fica ainda mais pesado pela carência de informações sobre a doença e o tratamento, além da falta de orientações adequadas para os cuidados cotidianos e para os momentos de crise.3,4

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A sobrecarga sentida pelos cuidadores produz consequências graves, pois reduz a sua qualidade de vida e pode resultar em elevados níveis de estresse e transtornos psicopatológicos, como ansiedade e depressão.3

Se você está passando por isso, continue acompanhando o texto. Vamos conversar um pouco mais sobre essas sobrecargas do cuidador da pessoa com esquizofrenia.

 

As sobrecargas do cuidador da pessoa com esquizofrenia

As sobrecargas apontadas pelos estudos são divididas em objetiva e subjetiva. A objetiva se refere às consequências da alteração da rotina e dos projetos de vida, da diminuição da vida social, da supervisão de comportamentos problemáticos, dentre outros.5

Já a subjetiva está mais relacionada aos distúrbios emocionais experimentados pelos cuidadores ou às percepções, preocupações, sentimentos negativos e incômodos gerados pelo fato de ter que cuidar de um paciente esquizofrênico, como se fosse obrigação.5

Os cuidadores sofrem com estresse, ansiedade, depressão e deterioração do sistema imune, o que pode deixá-los vulneráveis a doenças infectocontagiosas, alcançando altas taxas de mortalidade.3

Ao longo do tempo, a sobrecarga é tanta que o cuidador deixa de cuidar de si mesmo e, aos poucos, pode ir perdendo a vontade de planejar e fazer coisas de seu próprio interesse, porque não admite a possibilidade de que exista um cuidador substituto.4  

Se o cuidador não se cuida, também não tem forças suficientes para cuidar da pessoa que está sob sua responsabilidade. Você conhece ou está em uma situação parecida com essa? Calma, vamos te contar o que fazer nesses casos.

 

Como o cuidador pode se cuidar?

Preservar a qualidade de vida dos cuidadores é garantir bons cuidados prestados aos pacientes. Por isso, tão importante quanto cuidar da pessoa com esquizofrenia é cuidar daquele que é seu cuidador.3

Se o cuidador está se sentindo sobrecarregado, significa que já passou da hora de começar a dividir as responsabilidades com outra pessoa. Dessa forma, o primeiro passo para começar a reestabelecer o equilíbrio nessa relação de cuidado é reduzir as sobrecargas.4

É importante contar com o apoio familiar e social, abrindo-se à possibilidade de receber ajuda na hora de cuidar da pessoa com esquizofrenia. Isso incluiria, por exemplo: a divisão de tarefas entre familiares, apoio de vizinhos na supervisão da pessoa etc.4

Da mesma forma, o cuidador pode e deve buscar tratamentos psicoterapêuticos que colaborem para a melhoria da sua saúde mental e qualidade de vida. É importante, ainda, que o cuidador separe um tempo para si mesmo e experimente momentos de descontração e lazer.4

 

Referências

[1] PEREIRA, Carla Rodrigues et al. Avaliação de sobrecarga de familiares cuidadores de indivíduos com esquizofrenia. Rev. Enferm. UFPE online. 2020;14:e243361 DOI: 10.5205/1981-8963.2020.243361. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/243361 Acesso em: 01 mar. 2024.

[2] GOMES, Mariana Silva; MELLO, Rosâne. Sobrecarga gerada pelo convívio com o portador de esquizofrenia: a enfermagem construindo o cuidado à família. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.8 no.1 Ribeirão Preto abr. 2012. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762012000100002 Acesso em: 01 mar. 2024.

[3] BANDEIRA, Marina; GUIMARÃES, Vitor Neves. Qualidade de vida de familiares de pacientes com esquizofrenia: Escala S-CGQoL.. Psicol. teor. prat. vol.18 no.3 São Paulo dez. 2016. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872016000300006  Acesso em: 01 mar. 2024.

[4] ALMEIDA, Marcelo Machado et al. A sobrecarga de cuidadores de pacientes com esquizofrenia. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul 32 (3), 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rprs/a/D9J4Z69Tf8tvdS84Z59RfjH/?lang=pt  Acesso em: 01 mar. 2024.

[5] ALMEIDA, Marcelo Machado. Cuidadores de pacientes com esquizofrenia: a sobrecarga e a atenção em saúde. Dissertação C-CPqRR M.M. ALMEIDA 2009. Disponível em: http://www.cpqrr.fiocruz.br/texto-completo/D_10.pdf Acesso em: 01 mar. 2024.

 

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LEP-2024-0020 - Março/2024