Blog da Saúde
Enxaqueca no Ciclo Menstrual: Como as Flutuações Hormonais Influenciam a Dor
A enxaqueca
é uma condição neurológica crônica caracterizada por dores de cabeça intensas e
pulsáteis, frequentemente acompanhadas de náuseas, vômitos e sensibilidade à
luz e ao som. Entre as mulheres, é comum observar uma relação significativa
entre as crises de enxaqueca e o ciclo menstrual, o que sugere que as
flutuações hormonais desempenham um papel importante no desencadeamento dessas
dores.1
A principal
causa dessas enxaquecas está relacionada à queda abrupta nos níveis de
estrogênio, que ocorre logo antes da menstruação. Esse desequilíbrio hormonal
pode alterar a forma como o corpo responde aos tratamentos convencionais de
enxaqueca, tornando as crises menstruais mais difíceis de controlar.2
A Relação entre Enxaqueca e Ciclo Menstrual
Estudos
clínicos mostram uma clara associação entre a enxaqueca durante o ciclo
menstrual, as mulheres que participaram do estudo apresentaram entre 60% e 70%
das crises estão associadas à menstruação. Apesar dessa relação bem conhecida,
a classificação das dores de cabeça menstruais ainda gera algumas dificuldades
e pode variar dependendo da definição utilizada e do grupo estudado. Além
disso, pouco se sabe sobre dores de cabeça que ocorrem em momentos específicos
do ciclo menstrual, mas que não se enquadram como enxaqueca.3
A Sociedade
Internacional de Cefaleia (SIC) considera que o diagnóstico de enxaqueca
menstrual é mais preciso quando 90% das crises ocorrem entre dois dias antes e
até o último dia da menstruação. Porém, diferentes especialistas podem ter
definições variadas, considerando que a enxaqueca menstrual ocorre desde uma
semana antes até uma semana após a menstruação ou entre dois dias antes e dois
dias após o início do ciclo menstrual.3
Fatores Hormonais e Enxaqueca
Um estudo
realizado com 100 mulheres durante 152 ciclos menstruais sobre "Cefaléia
Menstrual". Na avaliação, a maioria das participantes (80%) relatou que as
crises de dor começaram até o primeiro dia da menstruação, com dores
classificadas como severas (60,5%). As crises duraram, em média, de um a quatro
dias, e os sintomas associados a enxaqueca. A dor foi predominantemente
descrita como latejante (66%) ou com sensação de pressão (31%).3
Embora a
enxaqueca tenha sido a forma mais frequente de cefaleia associada ao ciclo
menstrual, também foram observados outros tipos de dores de cabeça, como
cefaleia tensional e cervicogênica. No entanto, a grande maioria das mulheres
apresentava cefaleias compatíveis com migrânea, o que reforça a ligação entre
as flutuações hormonais, especialmente a queda nos níveis de estrogênio antes
da menstruação, e a intensidade e frequência das crises de enxaqueca. Isso
destaca a importância dos fatores hormonais na modulação das dores de cabeça no
período menstrual.3
Diagnóstico da Enxaqueca Menstrual
O
diagnóstico da enxaqueca menstrual baseia-se na observação da relação temporal
entre as crises de dor e o ciclo menstrual.3 E deve ser acompanhado
por um histórico médico detalhado, com informações sobre o início das crises,
características e frequência dos episódios, além de sintomas associados como
náusea e fotofobia. Utilizando os critérios da ICHD-3, é possível classificar
as enxaquecas, incluindo os tipos sem aura, com aura e crônicas, com base em
características específicas como localização da dor, intensidade e sintomas
acompanhantes. A confirmação do diagnóstico pode ser realizada por meio de
diários de dor de cabeça ou questionários de triagem, como o ID-Migraine, que
ajudam a identificar a probabilidade de enxaqueca.4
Embora o
exame físico raramente seja determinante, ele pode ajudar a excluir outras
causas, e em casos de suspeita de distúrbios secundários, investigações como
neuroimagem podem ser necessárias.4
Prevenção e Manejo da Enxaqueca Menstrual
As crises
de enxaqueca podem ser desencadeadas ou agravadas por diversos fatores, que
variam de aspectos físicos e emocionais.1 Pensando nisso, separamos
aqui algumas estratégias para o manejo e prevenção das dores:
- Qualidade de Vida: Manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos
regularmente e garantir um sono de qualidade são fundamentais.1,5
- Controle do Estresse: Praticar técnicas de gerenciamento do
estresse, como mindfulness e terapia cognitivo-comportamental, pode reduzir a
incidência de crises.1
- Monitoramento do Ciclo Menstrual: Registrar o ciclo menstrual e as crises de enxaqueca pode ajudar a identificar padrões e planejar intervenções preventivas.3
Referências:
- MINISTÉRIO
DA SAÚDE. Enxaqueca. [S. l.], Maio 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/enxaqueca/#:~:text=As%20enxaquecas%20na%20mulher%20tendem,irrita%C3%A7%C3%A3o%20e%20altera%C3%A7%C3%B5es%20do%20humor.
Acesso em: 6 jan. 2025.
- AMERICAN MIGRAINE FOUNDATION. Menstrual Migraine
Treatment and Prevention. [S. l.], 5 nov. 2021. Disponível em: https://americanmigrainefoundation.org/resource-library/menstrual-migraine-treatment-and-prevention/. Acesso em: 6 jan. 2025.
- MIZIARA,
Lineu; BIGAL, Marcelo E.; BORDINI, Carlos A.; SPECIALI, José G. Cefaléia
menstrual: estudo semiológico de 100 casos. Arquivos de Neuro-Psiquiatria , [s.
l.], 5 nov. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/anp/a/7jtmXkC5tmYFFKmJVqFrdnN/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 6 jan. 2025.
- EIGENBRODT,
Anna K.; ASHINA, Håkan; KHAN, Sabrina; DIENER, Hans-Christoph; MITSIKOSTAS,
Dimos D.; SINCLAIR, Alexandra J.; POZO-ROSICH, Patricia; MARTELLETTI, Paolo;
DUCROS, Anne; LANTÉRI-MINET, Michel; BRASCHINSKY, Mark; SANCHEZ DEL RIO,
Margarita; DANIEL, Oved; ÖZGE, Aynur; MAMMADBAYLI, Ayten; ARONS, Mihails;
SKOROBOGATYKH, Kirill; ROMANENKO, Vladimir; TERWINDT, Gisela M.; PAEMELEIRE,
Koen; SACCO, Simona; REUTER, Uwe; LAMPL, Christian; SCHYTZ, Henrik W.;
KATSARAVA, Zaza; STEINER, Timothy J.; ASHINA, Messoud. Diagnosis
and management of migraine in ten steps. Nature Reviews Neurology [online]. v.
17, n. 7, p. 441-451, 18 jun. 2021. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41582-021-00509-5#Sec23.
Acesso em: 06 jan. 2025.
- MAEMURA,
Leandro Monteiro et al. Avaliação de uma equipe multidisciplinar no tratamento
da dor crônica: estudo intervencionista e prospectivo. Brazilian
Journal of Pain, v. 7, n. 1, [2024]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/brjp/a/dkMLdy4yxqFfnmnkPfR9tgm/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 6 jan. 2025.
Material
destinado a todos os públicos.
BR-NON-2025-00015
- Fevereiro/2025