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Atividades para pessoas com baixa visão ou cegas

Viver com baixa visão não significa abrir mão das coisas que você ama fazer. Com algumas adaptações simples, é possível realizar diversas atividades que garantem uma melhor qualidade de vida. Há diversas opções de atividades culturais, artísticas, recreativas e esportivas que cuidam da nossa saúde mental e física que podem ser feitas no mesmo padrão de pessoas com visão normal1.

Neste blog vamos falar mais sobre cada atividade e como adaptá-las. O suporte de um profissional especializado para realizar as adaptações necessárias é fundamental!

 

Judô

O judô é um esporte que pode ser adaptado para deficientes visuais sem grandes modificações. A atividade envolve uma variedade de estímulos motores, como desequilíbrios, balanços, rotações e estímulos de contato, que ajudam a compensar a falta de informações visuais e gerar a adaptação motora e sensorial1.

A prática do judô também desenvolve a nossa capacidade de receber informações de diferentes partes e reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição, orientação e força exercida pelos músculos, sem utilizar a visão1.

 

Natação

Praticar natação regularmente tem diversos benefícios para a nossa saúde. A natação ajuda tanto em questões de saúde geral, como melhoria na qualidade de sono, desenvolvimento motor, correção postural e orientação espacial2. Esses benefícios são importantes para pessoas com deficiência visual, contribuindo para uma maior autonomia e autoconhecimento2.

Além disso, a natação tem um impacto positivo também na saúde mental, ajudando a reduzir os sintomas de ansiedade e depressão. O esporte oferece benefícios biopsicossociais, que não foca apenas no tratamento da doença, melhorando a qualidade de sono e a vitalidade2.

 

Pilates

É possível adaptar o Pilates para deficientes visuais. A prática pode ser feita com técnicas de orientação e auxílio para garantir a segurança e eficácia dos exercícios, que variam de fácil, moderado a difícil, dependendo do grau de desenvolvimento do praticante3.

 

Artes

Pode até parecer improvável, mas é possível vivenciar as artes visuais mesmo com baixa ou nenhuma visão. Isso porque, é possível viver experiências imersivas por meio de estímulos auditivos e sensoriais, ou seja, com sons e toques4. Hoje, muitos museus, galerias e espaços usam esses tipos de recursos que trabalham a inclusão, além de oferecem uma experiência imersiva.

Dessa forma, o público com baixa ou nenhuma visão, pode desenvolver um conhecimento e fazer a interpretação da obra como um todo, como tamanho, tipo e textura. As exposições que usam recursos sensoriais voltadas são capazes de aproximar e oferecer uma experiência diferente de vivenciar a arte5.

 

Atividades com audiodescrição

A audiodescrição torna o mundo visual acessível para todos. Esta forma de compartilhar experiências visuais com pessoas cegas ou com baixa visão permite que cada vez mais esse público possa aproveitar filmes, peças de teatro, exposições de arte e até mesmo passeios turísticos.

As experiências visuais são descritas por um narrador, de forma clara e objetiva, citando cenas, expressões faciais, cenários e ações. No caso de obras de audiovisual, existem técnicas de descrição que ajudam o espectador a absorver pequenos detalhes, que são singulares e importantes para interpretar as situações apresentadas, como6:

  • Personagens;
  • Ambientação;
  • Ações.

 

Audiolivro

Esse recurso é uma ótima ferramenta para conectar o público à literatura de maneira prática e acessível. Há diversas plataformas gratuitas e bibliotecas digitais que disponibilizam os audiobooks, como a Biblioteca de São Paulo e a Biblioteca Parque Villa-Lobos. Nestas plataformas, você irá encontrar diversas obras como:

  • A Divina Comédia - Dante Alighieri
  • Poemas de Fernando Pessoa - Fernando Pessoa
  • Dom Casmurro - Machado de Assis
  • Mensagem - Fernando Pessoa
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias - Júlio Verne
  • Senhora - José de Alencar
  • Os Sertões - Euclides da Cunha
  • Don Quixote. Vol. 1 - Miguel de Cervantes Saavedra

 

Culinária

É possível cozinhar com segurança e autonomia com algumas adaptações ergonômicas. O hobby pode ser feito em casa mesmo, organizando a disposição dos equipamentos, para garantir a sua segurança. A organização deve ser feita para que os objetos, utensílios e eletrodomésticos fiquem guardados no mesmo local, para facilitar a memorização e dando a liberdade para explorar o ambiente com segurança7.

 

Cuidados especiais

É preciso fazer algumas adaptações para garantir a segurança e evitar acidentes, como cortes e queimaduras. Por isso, crie guias para identificação da posição de panelas no fogão e use modelos de eletrodomésticos mais seguros, como liquidificadores e micro-ondas que tenham trava de segurança7.

 

Sentidos alternativos

A audição e tato são sentidos essenciais para os deficientes visuais na cozinha. Existem dispositivos sonoros que emitem sons para auxiliar na orientação espacial, como os alarmes sonoros de micro-ondas e fornos. Já para usar o tato, utilize texturas e padrões táteis diferentes para identificar cada utensílio7.

 

Se manter informado sobre a deficiência visual

A falta ou baixa visão muda muito a vida do deficiente visual, entretanto, é possível buscar qualidade de vida com as suas devidas adaptações. Garantir a autonomia e segurança para realizar todas as atividades possíveis, sejam elas cotidianas, artísticas, esportivas ou casuais.

Os sentidos, como audição e tato, ajudam nesta adaptação, como orientação espacial e execução das atividades. Além disso, manter um ambiente organizado e estático vai garantir a sua segurança. 

Lembre-se que o suporte de um profissional especializado para realizar as adaptações necessárias é fundamental!

Se você quiser conferir mais dicas e informações, o Se Cuida criou um Guia prático para lidar com a perda de visão do glaucoma. Nós estamos com você nessa jornada!

 

Referências:

  1. PINTO, Ana Carolina Pereira Nunes; LIMA, Josiane de Oliveira; NOGUEIRA, Fernanda Gabriela de Siqueira Barros; KALIF, Said Kalume. O judô adaptado como ferramenta para a reabilitação do equilíbrio de crianças com defi ciência visual. Rev Bras Educ Fís Esporte, [S. l.], p. 187-194, 1 abr. 2021. DOI 10.11606. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/189446/175104. Acesso em: 4 jul. 2024.
  2. PANCOTTO, Heloísa Pereira; TOME, Camila Akemi; ESTEVES , Andrea Maculano. INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DE NATAÇÃO NO SONO E NA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL. Rev Bras Med Esporte 27 (2), [S. l.], p. 1, 1 abr. 2021. DOI https://doi.org/10.1590/1517-869220212702191748pt. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/CyLkmxkgMy99t8MyWC7MZ6b/?lang=pt. Acesso em: 4 jul. 2024
  3. Súnega, C. C., Felipe, M. E., Marques, R. F., Souza, L. F. da S., Morais, C. D. R., Fereira, R. P., Mello, M. M., Faria, E. B. A., & Oliveira, N. M. L. (2020). Projeto de extensão "Pilates na deficiência visual", quebrando barreiras. RAÍZES E RUMOS, 8(2), 167-177. Disponível em: https://seer.unirio.br/raizeserumos/article/view/10258. Acesso em: 4 jul. 2024
  4. AMORIM, Érico Gurgel; DE MEDEIROS NETA, Olivia Morais; GUIMARÃES, Jacileide. Para uma nova arte de viver: os espaços e as práticas de reabilitação da pessoa com deficiência visual. Research, Society and Development, [S. l.], p. 1, 6 jul. 2020. DOI https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/5445. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30994/1/ReabilitacaoPessoaDeficiencia_Amorim_2020.pdf. Acesso em: 4 jul. 2024.
  5. SANAVIO, Ana Luiza. O ACESSO ÀS ARTES VISUAIS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: ESTUDOS SOBRE O PEPE E O MUSEU TÁTIL DA PINACOTECA DE SÃO PAULO. Repositório Institucional Unesp, [S. l.], 29 abr. 2021. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/items/2c7f9480-0367-42f6-ac5f-c306cdc93a30. Acesso em: 5 jul. 2024.
  6. ARAÚJO, Vera Lúcia Santiago. Cinema de autor para pessoas com deficiência visual: a audiodescrição de O Grão. Trab. linguist. apl. 50 (2), [S. l.], 1 dez. 2011. DOI https://doi.org/10.1590/S0103-18132011000200008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tla/a/mFsPFb8FBvGFwRgXtNh7qDm/. Acesso em: 5 jul. 2024.
  7. ARIAS, Camila Ramos; LUCAS , Ruan Eduardo Carneiro; VERGARA, Lizandra Garcia Lupi. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM UMA COZINHA DOMICILIAR DE UM USUÁRIO COM DEFICIÊNCIA VISUAL. HFD, v.11, n 21, [S. l.], p. 48-72, 1 abr. 2022. DOI https://doi.org/10.5965/2316796311212022048. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/hfd/article/download/21160/14473/86475. Acesso em: 5 jul. 2024.

Material destinado a todos os públicos.

BR-NON-2024-00143 - Agosto/2024