Blog da Saúde
A vida do cuidador da pessoa com esquizofrenia: como lidar com o sentimento de culpa?
A
esquizofrenia é um transtorno mental grave, onde os pacientes que sofrem com
essa condição possuem dificuldades para reconhecer a realidade, já que sofrem
com distorções no pensamento, na sua percepção, emoções, linguagem, consciência
do "eu" e no comportamento. Por isso, em alguns casos, é necessário um cuidador.
Trata-se de
uma doença mental crônico-degenerativa, em que os pacientes enfrentam diversas
experiências psicóticas, como as alucinações (ouvir, ver ou sentir coisas que
não são reais) e delírios (quando a pessoa acredita ou suspeita com convicção
em algo que não é real). Assim, é difícil que as pessoas com esse transtorno
consigam trabalhar ou estudar normalmente.¹
Se você é
cuidador ou familiar de alguma pessoa que convive com a esquizofrenia, leia
este texto até o final para saber como lidar com os impactos causados em sua
vida!
O impacto
da esquizofrenia na vida das pessoas ao seu redor
A
esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta mais de dois milhões de
pessoas só no Brasil, necessitando de cuidados especiais.²
As pessoas
com esquizofrenia têm dificuldades cognitivas que podem comprometer as
relações, rotinas de trabalho e estudo e causar confusão mental.²
Por isso,
muitas vezes, o cuidador ou familiar torna-se necessário. Esse cuidado
constante pode causar desgaste e impactar emocionalmente a rede de apoio desse
paciente.²
O papel do cuidador na esquizofrenia
Na maioria
das vezes, os cuidadores são da mesma família. Dessa forma, todas as pessoas
mais próximas ao paciente, sofrem intensamente e diariamente devido a condição
vivida pelas pessoas com esquizofrenia.²
A condição
está cercada por diversos tabus e preconceitos, o que faz com que o paciente,
seu cuidador e familiares sofram ainda mais com o medo, sentimentos de aflição
e incertezas, depressão, isolamento social, tristeza crônica, culpa e até mesmo
angústia.²
Esse
transtorno também provoca a quebra da rotina das pessoas ao seu redor, onde
principalmente o cuidador passa a se colocar de lado e prioriza apenas o
paciente, se sobrecarregando e até adoecendo devido à falta de cuidados com si
mesmo.²
É possível lidar com o sentimento de culpa?
Primeiramente
é necessário entender que nada do que está acontecendo é culpa sua, você está
fazendo tudo o que pode para auxiliar no tratamento do seu familiar ou
paciente.³
Para lidar
com a nova realidade é preciso que você tente enfrentar seus desafios, os medos
que estão te consumindo e assumir a responsabilidade no lugar de carregar o
peso da culpa de algo que você não é responsável.³
Você deve
se permitir viver e ter momentos de bem-estar e lazer, buscar novas formas de
ver a vida, adotar novos pensamentos e comportamentos que substituam os hábitos
que estão sugando todas as suas energias.³
De acordo
com a psicóloga e psicoterapeuta, Sonia Nogueira Pedreira, diretora de Ética da
União Nacional de Analistas Transacionais (UNAT) e coautora do livro "Como ser
firme sem ser agressivo: os 10 passos para a assertividade", quando exagerado,
o sentimento de culpa pode causar sérios prejuízos físicos, emocionais e de
relacionamento, por isso, é importante evitá-los.
"Ninguém
nasce com sentimento de culpa. Ele é construído socialmente, e surge da relação
com outras pessoas e seres vivos, e está ligado ao desejo de ser perfeito. No
processo educacional a culpa é usada com finalidade manipulativa e tem reflexos
em todos os âmbitos da vida", completa a psicóloga e psicoterapeuta.³
Ela
acredita que todos nós podemos mudar nossas crenças e enxergar o mundo com
novos olhos, por isso ela sugere que você:³
- Procure
identificar qual é a causa da culpa: Quais pensamentos te fazem sentir
culpado(a)? Em quais situações isso ocorre com frequência? Como você tem lidado
com eles? Quais consequências essa situação tem trazido para sua vida? ³
- Não
transfira sua culpa para outra pessoa ou culpe as situações. Assuma essa
responsabilidade e busque possíveis soluções;³
- Permita-se
sentir tristeza pelos seus erros, mas não deixe que o pessimismo tome conta da
sua vida;³
- Pratique a
empatia com os outros e com si mesmo (a);³
- Confie em
si mesmo e seja otimista, sem se esquecer de ser realista;³
- Aprenda a
lidar com o seu erro e o veja como uma oportunidade de crescer e estar
preparado para situações futuras;³
- Busque
ajuda profissional sempre que necessário.³
Esperamos
que essas dicas ajudem a minimizar o sentimento de culpa e a lembrar que o
autocuidado é um exercício diário. Isso não para por aqui, encontre mais
informações sobre a esquizofrenia e mais apoio para sua rotina acessando nosso
blog!
Referências:
1- Equipe
da Organização Pan-americana de Saúde. Transtornos mentais. Organização
Pan-americana de Saúde. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/transtornos-mentais.
Acesso em: 27 de maio de 2024.
2- Gomes,
Mariana Silva; Mello, Rosâne. Sobrecarga gerada pelo convívio com o portador de
esquizofrenia: a enfermagem construindo o cuidado à família. PEPSIC. 2012.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762012000100002.
Acesso em: 27 de maio de 2024.
3-
Pedreira, Sonia Nogueira. Sentimento de culpa: entenda melhor, saiba como lidar
e evite mais dor. Associação Bahiana de Medicina. 2021. Disponível em: https://revistaabm.com.br/artigos/sentimento-de-culpa-entenda-melhor-saiba-como-lidar-e-evite-mais-dor.
Acesso em: 27 de maio de 2024.
Material
para todos os públicos.
NON-2023-10751
- Junho/2024