É possível manter uma vida social com dor crônica?

A dor crônica afeta não só o aspecto físico do paciente, mas também o psicológico e social, podendo gerar prejuízos em diferentes áreas da vida à medida que desperta preocupações, sentimentos de insuficiência e angústias.¹

Será que é possível manter uma vida social com dor crônica? É sobre isso que iremos conversar hoje.

Dor crônica

A dor crônica é uma experiência sensorial e emocional de caráter desagradável, que permanece ou se repete por mais de 3 meses. A prevalência de dor crônica no mundo é de 25%. No Brasil, a prevalência é de 39 a 76% da população. Outro fator importante a se notar é que a dor crônica tem maior prevalência nas mulheres do que em homens, no entanto, isso não significa maior intensidade.²

Como a dor crônica afeta a vida do paciente

A dor crônica possui caráter multidimensional, englobando:

• Aspecto físico: dor física que afeta a habilidade de realizar atividades como estudar e trabalhar;²
• Aspecto psicológico e emocional: depressão, mudança de humor, apatia; ²
• Aspecto espiritual: alteração na relação dos indivíduos com suas crenças, princípios e valores, questionamentos quanto à fé e ao sentido da vida, sentimentos de desamparo e desesperança;²
• Aspecto social: isolamento e desmotivação que o podem prejudicar relacionamentos sociais.²

Vamos entender melhor como o aspecto social é afetado pela dor crônica.

Impactos na vida social do paciente

A vida social é um dos aspectos que compõem o conceito "qualidade de vida". E, é importante que esse aspecto não seja negligenciado, pois é no suporte da família, amigos e conhecidos que o paciente muitas vezes encontra os meios necessários para seguir o tratamento.³

Homens e mulheres com mais idade e com uma ou mais doenças crônicas podem ter seu envolvimento social com a família, amigos e comunidade reduzidos. Vários fatores estão associados a isso, como:⁴

• Grau escolar do paciente;⁴
• Receber cuidados e ter ou não as necessidades atendidas; ⁴
• Quantidade de consultas médicas e hospitalizações; ⁴
• Ter alguma deficiência; ⁴
• Situação financeira (estar desempregado, por exemplo); ⁴
• Agravamento da situação física e emocional, em decorrência da condição crônica. ⁴

Existem medidas para contornar esses fatores que levam ao isolamento social e falaremos disso mais para frente.

Impactos na vida social dos familiares

Para a família que possui um membro com alguma doença crônica que ameaça a continuidade da vida do paciente, os familiares que assumem papel de cuidador podem ter sintomas de depressão e ansiedade.⁵

Isso pode ocorrer devido a adaptações que o cuidador geralmente precisa fazer para atender as necessidades do familiar adoecido. Muitas vezes, o cuidador membro da família precisa abandonar o trabalho ou projetos pessoais, o que afeta a saúde emocional e financeira.^5,6

Dicas para manter uma vida social ativa ao conviver com uma condição crônica

Algumas intervenções, tanto ambientais como comportamentais, podem ajudar pacientes e cuidadores a gerirem melhor as condições crônicas para manter uma vida social ativa.⁴ São elas:⁷

• Buscar aceitar a condição para assim poder tomar medidas que melhorem a qualidade de vida; ⁷
• Adotar a mentalidade de continuar persistindo e não desistir do tratamento, mesmo em momentos de maior dificuldade; ⁷
• Buscar enxergar os aspectos positivos da vida e praticar a resiliência; ⁷
• Cultivar, se possível, hobbies para distrair a mente das dificuldades; ⁷
• Cultivar a fé, caso o paciente tenha essa vontade.⁷

Sim, é possível ter vida social convivendo com uma doença crônica

A participação social e redução de contato com amigos, familiares e conhecidos pode ser afetada à medida que uma condição crônica avança. O que é preocupante, visto que o isolamento social em pessoas com doenças crônicas está associado a diminuição nos comportamentos de autocuidado.⁸

A desconexão social e solidão sentida por muitos pacientes com doenças crônicas tem origem em estigmas que podem estar associados a doença em questão e, para combater o estigma, é necessário informação.⁸

Informação de qualidade ajuda tanto pacientes como cuidadores a seguir mais confiantes na jornada de tratamento e é por isso que o Se Cuida sempre traz temas relevantes como esse para você.

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Referências:

1 - MESSIAS, Cátia Regina et al . Dor crônica, depressão, saúde geral e suporte social em pacientes fibromiálgicos e oncológicos. Rev. Psicol. Saúde, Campo Grande ,  v. 12, n. 4, p. 41-51, dez.  2020 .   Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2020000400005&lng=pt&nrm=iso Acessos em 15/02/2024 

2- Kanematsu, Jaqueline. Impacto da dor na qualidade de vida do paciente com dor crônica.  Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/192586/181597 Acesso em 16/02/2024

3 - Qualidade de vida de pessoas com doenças crônicas. Revista do Departamento de Educação Física e Saúde e do Mestrado em. Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul / Unisc Disponível em: https://online.unisc.br/seer/index.php/cinergis/article/view/9320/6102  Acesso em 19/02/2024

4 - Restricted Social Engagement among Adults Living with Chronic Conditions. National Library of Medicine. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5800257/ Acesso 19/02/2024

5 - Famílias podem sofrer mais que os pacientes com doenças crônicas . Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/familias-podem-sofrer-mais-que-os-pacientes-com-doencas-cronicas/ Acesso em 19/02/2024

6 - O adolescente com doença crônica . Sociedade Goiana de Pediatria. Disponível em: https://www.sbp.com.br/filiada/goias/artigos/artigo/pid/o-adolescente-com-doenca-cronica/ Acesso em 19/02/2024

7 - Van Wilder, L., Pype, P., Mertens, F. et al. Living with a chronic disease: insights from patients with a low socioeconomic status. BMC Fam Pract 22, 233 (2021). Disponível em: https://bmcprimcare.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12875-021-01578-7  

8 - Iovino P, Vellone E, Cedrone N, Riegel B. A Middle-Range Theory of Social Isolation in Chronic Illness. Int J Environ Res Public Health. 2023;20(6):4940. Published 2023 Mar 10. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10049704/  Acesso em 19/02/2024

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NON-2024-1505 - Agosto/2024